38. O WordPress está morto. Longa vida para o WordPress

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O WordPress 6.8 será a última versão durante algum tempo… pelo menos até à chegada de 2026, sugerindo um ciclo de lançamentos anual.

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Transcrição do programa

Olá, sou José Freitas, e estás a ouvir o WPpodcast, que traz as notícias semanais da Comunidade WordPress.

Neste episódio, encontras as informações de 31 de março a 6 de abril de 2025.

No dia 27 de março, realizou-se uma reunião com 30 pessoas que contribuem e gerem o projeto open source WordPress. Foi abordado que, nos últimos 6 meses, o número de tickets do Gutenberg e do núcleo do WordPress se manteve estável, embora o ritmo de fecho desses tickets tenha diminuído desde o lançamento do WordPress 6.7 no final de 2024.

Isto levou a que a reunião se centrasse na questão de reduzir o número de versões do WordPress, passando das habituais três versões por ano para apenas uma.

O artigo menciona alguns pontos a favor e contra esta mudança, embora, nos dias de hoje, com tanto ruído e desinformação, seja necessário verificar os dados para perceber claramente que muitas das vantagens apresentadas têm, digamos, nuances.

Relativamente à redução da carga de trabalho e da coordenação, é verdade que um ritmo de lançamentos mais lento aliviaria a pressão atual sobre contribuidores e equipas, o que é especialmente relevante numa altura em que a disponibilidade e as horas patrocinadas diminuíram significativamente.

No que toca à melhoria da documentação e infraestrutura, este ponto é realista, já que um dos desafios atuais é precisamente a documentação incompleta e a infraestrutura desatualizada — algo que uma desaceleração poderia claramente ajudar a melhorar.

Quanto à maior automatização de processos, é plausível e lógico que menos pressão permitiria investir tempo em automação, uma necessidade já expressa pela equipa core em várias ocasiões recentes. No entanto, é importante notar que quem poderia realizar essas tarefas são as pessoas da Automattic, que neste momento não estão a contribuir para o projeto.

Ainda assim, a ansiedade perante lançamentos maiores é um reflexo da realidade, especialmente para uma comunidade que se habituou a mudanças pequenas e frequentes, onde modificações substanciais podem gerar receios quanto à compatibilidade e estabilidade.

A ideia de permitir incluir funcionalidades maiores — evitando versões que apenas contenham correções — é tecnicamente verdadeira, mas a recente diminuição nas contribuições, em parte devido ao conflito legal entre a Automattic e a WP Engine e os seus efeitos colaterais, pode dificultar na prática a concretização de versões maiores, por falta de recursos.

É mencionada uma suposta aliança com o ritmo de empresas como eBay ou Airbnb, e embora algumas grandes empresas adotem ciclos mais lentos por razões de qualidade, o contexto do WordPress — um projeto comunitário e aberto — não é totalmente comparável a grandes empresas privadas.

Um foco principal seria a concentração em plugins canónicos e componentes individuais, o que, embora positivo, não garante sucesso por si só, pois dependeria muito de como o projeto está organizado e do apoio real que cada componente ou plugin recebe em tempos de crise, como o atual.

A ideia de que menos lançamentos podem abrandar o feedback — embora seja teoricamente verdadeira — choca com a realidade recente, que mostra que os ciclos de feedback já são lentos devido à redução de contribuições, independentemente do ritmo de lançamentos.

Haveria maior dificuldade em justificar tempo e recursos patrocinados, o que é parcialmente falso, já que essa dificuldade já existe, e é provável que se agrave ainda mais se surgir a perceção de que o projeto está a perder velocidade ou relevância devido a conflitos internos.

E quanto à noção de que haverá menos ímpeto visível em direção aos objetivos do projeto — isso é algo que já está a acontecer.

A redução nas contribuições e a batalha legal em curso afetaram a perceção externa do projeto, pelo que o problema real já existe, independentemente de se adotar ou não um ciclo mais lento.

Qual é a proposta?

Após as discussões, foi decidido que o WordPress 6.8 será a última versão principal do WordPress durante o ano de 2025. Embora não haja versões principais até 2026, o plugin Gutenberg continuará a receber atualizações quinzenais, como atualmente, o que implica que, se se quiserem melhorias no editor — tanto do site como do conteúdo — será necessário instalá-lo para melhorar a experiência de edição.

Além disso, as versões menores do WordPress continuarão a ser publicadas ao longo do resto do ano, incluindo pequenas melhorias e correções necessárias, mantendo a regra atual de não adicionar novos ficheiros nestes lançamentos menores.

Quanto aos plugins oficiais, os chamados plugins canónicos, mantidos pela comunidade — como o de idiomas preferidos, autenticação em dois fatores (2FA) e os relacionados com desempenho — permitem incorporar e atualizar funcionalidades sem depender da versão anual principal.

Foram identificadas duas áreas-chave para melhoria:

  • a primeira: recolher feedback de forma eficaz, procurando novas formas de obter comentários mais significativos do que a simples métrica de instalações ativas, possivelmente incluindo telemetria para perceber melhor o uso e o valor percebido pelos utilizadores — algo que terá de ser analisado com detalhe, pois poderá violar regulamentos internacionais como o RGPD. Isto seria acompanhado por uma melhor promoção e visibilidade desses plugins, seja através de artigos no blog oficial, menções em eventos importantes (como o State of the Word), ou melhor aproveitamento de áreas pouco usadas no painel de administração, como a secção “Ferramentas”.
  • outra tarefa importante, discutida há anos, é a necessidade urgente de melhorar a gestão do enorme backlog atual, com mais de 12.000 tickets, movendo a maioria deles para versões menores, independentemente do ciclo principal.

Propõe-se também encerrar ou adiar tickets antigos ou irrelevantes usando a resolução “maybelater”, algo que anteriormente gerou debate sobre quem decide o que é importante ou não no projeto. Assim, como um backlog tão grande afeta negativamente a perceção externa da qualidade e capacidade de manutenção do projeto, procurar-se-á reduzir essa perceção com uma gestão mais eficiente.

Foram ainda mencionadas diversas áreas a melhorar para reforçar o desenvolvimento e manutenção do projeto, como dar maior ênfase aos testes, promovendo o uso alargado das versões beta e nightly através de iniciativas educativas e colaborações específicas com empresas de alojamento.

Está também em análise a revisão do fluxo entre os repositórios SVN/GitHub, para explorar formas de simplificar e otimizar os processos de lançamento, tanto do core como do Gutenberg. Isto pode levar a uma redução da frequência das atualizações do plugin Gutenberg para uma vez por mês, caso o volume de alterações continue a diminuir.

Outro foco será clarificar a responsabilidade dos contribuidores e dar maior autonomia às equipas e componentes. Isso implicaria definir expectativas claras para os voluntários responsáveis por componentes, incentivando a participação mais consistente, com as Release Squads a atuarem como facilitadores, promovendo maior autonomia e participação ativa entre as várias equipas e componentes do projeto.

Quanto à acessibilidade e outros padrões e regulamentos, é necessário clarificar quais os requisitos obrigatórios e quais as práticas adicionais desejáveis, mas não bloqueadoras.

Por fim, é preciso envolver mais perfis não técnicos, já que vários elementos abandonaram a comunidade nos últimos meses. Devem ser criados canais adicionais para envolver ativamente colaboradores de áreas como design, testes ou produto.

Sem dúvida, estamos perante um momento interessante e importante para o projeto, enquanto fora dos canais oficiais se preparam alternativas de governação, agora que parece não existir um roteiro claro desde a saída da anterior liderança executiva do projeto.

WordPress 6.8 com release candidate 2

Com a segunda versão candidata do WordPress 6.8 já disponível, e a terceira ainda por lançar, a versão final desta nova versão do WordPress será publicada a 15 de abril.

No resumo mensal da equipa Core, podemos ver como a Índia e outros países asiáticos continuam a crescer em contribuições para o núcleo do WordPress, enquanto outros, como os Estados Unidos, continuam a decrescer.

Desta vez, na reta final para o lançamento de uma nova versão — altura em que normalmente as contribuições aumentam —, em março o número de pessoas que contribuíram reduziu-se para menos de 200, mesmo com o aumento de tickets em aberto.

A equipa da Comunidade anunciou uma atualização que permite atribuir crachás de voluntário nos perfis daqueles que colaboram nos eventos WordCamp. Estes crachás visam reconhecer publicamente a importância do trabalho voluntário, destacando quem contribui para a organização destas conferências globais do WordPress.

Anteriormente, apenas organizadores e oradores recebiam crachás nos seus perfis, mas agora os voluntários também poderão mostrar este reconhecimento oficial. Os crachás serão atribuídos pelos organizadores de cada WordCamp através do site dedicado ao evento.

WordCamp Europe 2025 divulga programa

O WordCamp Europe 2025 está a aproximar-se e o programa já está disponível, que, como em anos anteriores, terá um primeiro dia dedicado ao Contributor Day, seguido por dois dias de palestras e workshops.

Destacam-se os temas específicos da União Europeia, sobre acessibilidade e cibersegurança, no programa, que conta com 52 oradores de 23 países.

WordCamp Lisboa 2025 divulga dois conjuntos de oradores

O WordCamp Lisboa 2025 divulgou esta semana os dois primeiros conjuntos de oradores e mais novo lote de bilhetes.

No primeiro conjunto de oradores, foram anunciados Ana Aires, com uma apresentação sobre liderança, Zé Fontainhas vai fazer uma abordagem ao Do It Yourself e Fábio Nunes vai falar sobre contingências para as pequenas empresas.

Do segundo lote, fizeram parte a já anunciada Anne-Mieke Bovelett, que vai abordar eficiência do workflow, Gemny Ibarra, sobre automatização, e Luís Semedo, que vai apresentar sobre Gutenberg workflow.

Entretanto, foi lançado o segundo lote de bilhetes. O primeiro lote de bilhetes esgotou no início da semana passada.

O WordCamp Lisboa 2025 é nos dias 16 e 17 de maio.‌

Por fim, este podcast é distribuído sob uma licença Creative Commons, como uma versão derivada do podcast em espanhol; podes encontrar todos os links para mais informações, bem como o podcast noutros idiomas, em WPpodcast .org.

Obrigado por ouvires, até ao próximo episódio.

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