73. A IA marca o futuro do WordPress

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O WordPress vai passar a depender de modelos de inteligência artificial para quase tudo, ou pelo menos é essa a mensagem nas entrelinhas tanto do State of the Word como do que aí vem no WordPress 7.0.

Lembre-se de que pode ouvir este programa no Pocket Casts, Spotify e Apple Podcasts ou subscrever o feed diretamente.

Transcrição do programa

Olá, eu sou José Freitas e estás a ouvir o WPpodcast, com as notícias semanais da Comunidade WordPress.

Neste episódio, encontras a informação de 1 a 7 de dezembro de 2025.

O WordPress 6.9 “Gene”, lançado após um Release Candidate 4, traz melhorias importantes que reforçam a colaboração e a criação de conteúdo. A nova funcionalidade Notes permite deixar comentários ao nível de cada bloco diretamente no editor, ideal para revisões ou trabalho em equipa.

Para quem gere muitas páginas ou trabalha com modelos, a integração da Abilities API abre a porta à automação e a ferramentas inteligentes, permitindo integrações de IA mais robustas no futuro.

A experiência do painel também melhora: a Command Palette foi expandida, permitindo aceder rapidamente a funcionalidades a partir de qualquer ponto do painel de administração, sendo especialmente útil para utilizadores avançados.

No geral, o WordPress não só introduz novas funcionalidades visíveis, como também reforça as bases técnicas para um sistema mais colaborativo, flexível e preparado para automação.

Esta nova versão foi lançada durante o State of the Word 2025, que fez o balanço de um ano decisivo para o WordPress, marcado por avanços na edição colaborativa, expansão da IA em todo o ecossistema e investimento em ferramentas para programadores.

Olhando para a frente, o projeto entra numa fase em que a colaboração em tempo real, o redesign do painel de administração e a Interactivity API estarão no centro das prioridades.

Matt Mullenweg, co-criador do WordPress, destacou também o crescimento global da comunidade, o papel de iniciativas de educação como a Learn WordPress e a evolução dos programas de contribuição e patrocínio que apoiam contribuidores em todo o mundo.

A mensagem foi clara: 2026 será um ano focado em tornar o WordPress mais rápido, mais acessível, mais colaborativo e mais inteligente, combinando melhorias de usabilidade com uma base técnica renovada para construir experiências modernas dentro e fora do editor.

Em termos de adoção, o WordPress alimenta agora mais de 43% da web e mais de 60% do mercado de CMS.

O uso multilíngua continua a crescer. Mais de 56% dos sites WordPress funcionam agora em línguas que não o inglês.

O Japão destaca-se: o WordPress alimenta 58,5% de todos os sites japoneses e 83% do mercado de CMS no país. O japonês tornou-se também o segundo idioma mais utilizado em WordPress, com 5,82%, seguido do espanhol, alemão, francês e português.

Desenvolvimentos no Gutenberg

Entretanto, o Gutenberg continua a avançar com novas funcionalidades no Gutenberg 22.2.

O bloco Cover (Capa) passa a suportar vídeos incorporados como fundo e não apenas ficheiros carregados na biblioteca de multimédia. Vídeos do YouTube ou Vimeo podem agora ser usados como fundo da Capa, reduzindo o consumo de largura de banda do servidor e permitindo um melhor aproveitamento de plataformas de vídeo externas.

O bloco experimental Breadcrumbs torna-se muito mais completo. Passa a lidar com:

  • páginas iniciais,
  • o último elemento da hierarquia,
  • páginas 404 / de pesquisa / de arquivo,
  • adiciona ligações de arquivo para tipos de conteúdo
  • e suporta conteúdos paginados.

Em resumo, as breadcrumbs tornam-se mais contextuais e alinhadas com a estrutura do site.

O bloco Math recebe opções de estilo dedicadas. Isto corrige a inconsistência em que fórmulas inline herdavam o estilo do parágrafo, mas as fórmulas em destaque quase não podiam ser personalizadas. Agora passam a ter controlos de estilo standard como os restantes blocos.

Integração de IA com estratégia mais clara

O WordPress está também a definir uma estratégia mais clara para integrar inteligência artificial no projeto.

Por um lado, o core propõe a IA como uma camada fundamental, e não como uma funcionalidade isolada.

O objetivo é que o WordPress consiga interagir com serviços de IA de forma segura, previsível e padronizada.

Foram criados dois pilares para isto:

  • a Abilities API, que permite a plugins, temas e ao core declarar ações que assistentes ou agentes de IA podem utilizar;
  • e o MCP Adapter, que faz a ponte entre o WordPress e ferramentas externas, garantindo compatibilidade e evitando dependência de um único fornecedor.

Do lado dos programadores, a intenção é tornar o trabalho com IA no WordPress muito mais simples e consistente. O novo WordPress AI Client SDK fornece um método comum para ligar a diferentes modelos sem ser preciso criar integrações à medida.

Os programadores podem pedir tarefas como:

  • analisar conteúdo,
  • gerar texto,
  • processar dados
  • ou executar “abilities” do site,

tudo através de um framework padrão mantido pela comunidade.

Ao mesmo tempo, as empresas de alojamento também passam a ter um papel definido. O WordPress quer que os serviços de alojamento forneçam IA aos utilizadores de forma segura, oferecendo credenciais centralizadas, modelos e limites de utilização.

O MCP Adapter ajuda os “hosts” a expor capacidades de IA aos clientes sem alterar o núcleo do WordPress ou criar dependência de soluções proprietárias.

O objetivo é disponibilizar IA de forma responsável, com fortes controlos de privacidade.

Em resumo, o WordPress não está a espalhar “funcionalidades mágicas de IA” aleatórias pelo core. Está a construir infraestruturas, normas e APIs para que todo o ecossistema — core, plugins, hosts e utilizadores — possa integrar IA de forma coerente, interoperável e sustentável.

Playground com ano decisivo

O Playground também teve um ano decisivo em 2025. Atingiu mais de 99% de compatibilidade com plugins do diretório e passou a conseguir correr aplicações PHP completas como o phpMyAdmin, Composer ou até Laravel, tornando-se um verdadeiro ambiente de desenvolvimento no navegador.

O desempenho também melhorou de forma significativa: a ativação do OPcache reduziu quase para metade os tempos de resposta, e o suporte multi-worker acelerou processos em simultâneo para uma experiência mais fluida.

O suporte a extensões modernas de PHP foi alargado para incluir:

  • Xdebug,
  • SOAP,
  • OPcache,
  • ImageMagick,
  • Intl,
  • Exif
  • e formatos WebP/AVIF.

A rede por omissão e o novo sistema dinâmico de extensões permitem ao Playground simular ambientes de alojamento de forma mais realista.

A nova simulação de MySQL em SQLite tornou-se uma das mais completas disponíveis, compatível com phpMyAdmin e Adminer, ambos acessíveis diretamente a partir do Playground.

A plataforma evoluiu ainda como developer toolkit, adicionando:

  • um editor de ficheiros,
  • um editor de Blueprints,
  • bases de dados geridas com um clique,
  • testes rápidos de PHP
  • e pré-visualizações de branches do Gutenberg.

A CLI amadureceu com funcionalidades como montagem automática de plugins/temas, debugging com Xdebug, suporte multi-worker e integração em aplicações Node.js via runCLI.

Os Blueprints receberam um impulso massivo: um editor visual, pacotes com media, um explorador de Blueprints prontos a usar, suporte a .git e uma especificação mais clara da versão 2, adequada a IA.

Em conjunto com melhorias como:

  • melhores ecrãs de erro,
  • migração de URLs mais fiável
  • e o novo botão Ask AI.

O Playground fechou o ano com 1,4 milhões de utilizações em 227 países, consolidando-se como uma ferramenta-chave para ensinar, testar e desenvolver WordPress sem instalações locais.

Documentação propõe revisão de fluxo de trabalho

A equipa de Documentação propõe uma revisão completa do fluxo de trabalho atual, identificando-o como uma das principais razões pelas quais a documentação para utilizadores chega frequentemente atrasada no dia do lançamento.

O sistema existente usa um quadro no GitHub com 13 colunas de estado e espera múltiplas rondas de revisão.

Na prática, isto gera bloqueios:

a) rascunhos começam em Google Docs, b) aguardam dias ou semanas por uma primeira revisão, c) depois esperam novamente por uma segunda d) e muitas vezes são publicados depois de a versão do WordPress já ter sido lançada.

O resultado é um backlog crescente, artigos publicados fora de ordem e documentação desatualizada precisamente quando os utilizadores mais precisam dela.

O workflow proposto, testado durante o WordPress 6.9, funcionou muito melhor: a documentação foi escrita diretamente em WordPress, agendada para o dia de lançamento e não exigiu revisões antes da publicação.

As revisões aconteceram depois, corrigindo o necessário sem atrasar a disponibilização dos conteúdos. As issues no GitHub foram mantidas, mas deixaram de bloquear o processo.

As recomendações são claras:

  • remover a maioria das fases de revisão,
  • criar uma pequena equipa dedicada por lançamento,
  • tornar a revisão prévia opcional,
  • agendar artigos completos para o dia de release,
  • rever depois
  • e simplificar o quadro de GitHub removendo colunas desnecessárias.

Esta mudança transforma a documentação de um sistema lento, cheio de bloqueios e backlog permanente num processo mais rápido, com lançamentos em dia e melhoria contínua.

Por fim, este podcast é distribuído sob uma licença Creative Commons como uma versão derivada do podcast em espanhol; podes encontrar todos os links para mais informação e o podcast noutras línguas em WPpodcast .org.

Obrigada por ouvires e até ao próximo episódio.

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