O WordPress vai passar a depender de modelos de inteligência artificial para quase tudo, ou pelo menos é essa a mensagem nas entrelinhas tanto do State of the Word como do que aí vem no WordPress 7.0.
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Transcrição do programa
Olá, eu sou José Freitas e estás a ouvir o WPpodcast, com as notícias semanais da Comunidade WordPress.
Neste episódio, encontras a informação de 1 a 7 de dezembro de 2025.
O WordPress 6.9 “Gene”, lançado após um Release Candidate 4, traz melhorias importantes que reforçam a colaboração e a criação de conteúdo. A nova funcionalidade Notes permite deixar comentários ao nível de cada bloco diretamente no editor, ideal para revisões ou trabalho em equipa.
Para quem gere muitas páginas ou trabalha com modelos, a integração da Abilities API abre a porta à automação e a ferramentas inteligentes, permitindo integrações de IA mais robustas no futuro.
A experiência do painel também melhora: a Command Palette foi expandida, permitindo aceder rapidamente a funcionalidades a partir de qualquer ponto do painel de administração, sendo especialmente útil para utilizadores avançados.
No geral, o WordPress não só introduz novas funcionalidades visíveis, como também reforça as bases técnicas para um sistema mais colaborativo, flexível e preparado para automação.
Esta nova versão foi lançada durante o State of the Word 2025, que fez o balanço de um ano decisivo para o WordPress, marcado por avanços na edição colaborativa, expansão da IA em todo o ecossistema e investimento em ferramentas para programadores.
Olhando para a frente, o projeto entra numa fase em que a colaboração em tempo real, o redesign do painel de administração e a Interactivity API estarão no centro das prioridades.
Matt Mullenweg, co-criador do WordPress, destacou também o crescimento global da comunidade, o papel de iniciativas de educação como a Learn WordPress e a evolução dos programas de contribuição e patrocínio que apoiam contribuidores em todo o mundo.
A mensagem foi clara: 2026 será um ano focado em tornar o WordPress mais rápido, mais acessível, mais colaborativo e mais inteligente, combinando melhorias de usabilidade com uma base técnica renovada para construir experiências modernas dentro e fora do editor.
Em termos de adoção, o WordPress alimenta agora mais de 43% da web e mais de 60% do mercado de CMS.
O uso multilíngua continua a crescer. Mais de 56% dos sites WordPress funcionam agora em línguas que não o inglês.
O Japão destaca-se: o WordPress alimenta 58,5% de todos os sites japoneses e 83% do mercado de CMS no país. O japonês tornou-se também o segundo idioma mais utilizado em WordPress, com 5,82%, seguido do espanhol, alemão, francês e português.
Desenvolvimentos no Gutenberg
Entretanto, o Gutenberg continua a avançar com novas funcionalidades no Gutenberg 22.2.
O bloco Cover (Capa) passa a suportar vídeos incorporados como fundo e não apenas ficheiros carregados na biblioteca de multimédia. Vídeos do YouTube ou Vimeo podem agora ser usados como fundo da Capa, reduzindo o consumo de largura de banda do servidor e permitindo um melhor aproveitamento de plataformas de vídeo externas.
O bloco experimental Breadcrumbs torna-se muito mais completo. Passa a lidar com:
- páginas iniciais,
- o último elemento da hierarquia,
- páginas 404 / de pesquisa / de arquivo,
- adiciona ligações de arquivo para tipos de conteúdo
- e suporta conteúdos paginados.
Em resumo, as breadcrumbs tornam-se mais contextuais e alinhadas com a estrutura do site.
O bloco Math recebe opções de estilo dedicadas. Isto corrige a inconsistência em que fórmulas inline herdavam o estilo do parágrafo, mas as fórmulas em destaque quase não podiam ser personalizadas. Agora passam a ter controlos de estilo standard como os restantes blocos.
Integração de IA com estratégia mais clara
O WordPress está também a definir uma estratégia mais clara para integrar inteligência artificial no projeto.
Por um lado, o core propõe a IA como uma camada fundamental, e não como uma funcionalidade isolada.
O objetivo é que o WordPress consiga interagir com serviços de IA de forma segura, previsível e padronizada.
Foram criados dois pilares para isto:
- a Abilities API, que permite a plugins, temas e ao core declarar ações que assistentes ou agentes de IA podem utilizar;
- e o MCP Adapter, que faz a ponte entre o WordPress e ferramentas externas, garantindo compatibilidade e evitando dependência de um único fornecedor.
Do lado dos programadores, a intenção é tornar o trabalho com IA no WordPress muito mais simples e consistente. O novo WordPress AI Client SDK fornece um método comum para ligar a diferentes modelos sem ser preciso criar integrações à medida.
Os programadores podem pedir tarefas como:
- analisar conteúdo,
- gerar texto,
- processar dados
- ou executar “abilities” do site,
tudo através de um framework padrão mantido pela comunidade.
Ao mesmo tempo, as empresas de alojamento também passam a ter um papel definido. O WordPress quer que os serviços de alojamento forneçam IA aos utilizadores de forma segura, oferecendo credenciais centralizadas, modelos e limites de utilização.
O MCP Adapter ajuda os “hosts” a expor capacidades de IA aos clientes sem alterar o núcleo do WordPress ou criar dependência de soluções proprietárias.
O objetivo é disponibilizar IA de forma responsável, com fortes controlos de privacidade.
Em resumo, o WordPress não está a espalhar “funcionalidades mágicas de IA” aleatórias pelo core. Está a construir infraestruturas, normas e APIs para que todo o ecossistema — core, plugins, hosts e utilizadores — possa integrar IA de forma coerente, interoperável e sustentável.
Playground com ano decisivo
O Playground também teve um ano decisivo em 2025. Atingiu mais de 99% de compatibilidade com plugins do diretório e passou a conseguir correr aplicações PHP completas como o phpMyAdmin, Composer ou até Laravel, tornando-se um verdadeiro ambiente de desenvolvimento no navegador.
O desempenho também melhorou de forma significativa: a ativação do OPcache reduziu quase para metade os tempos de resposta, e o suporte multi-worker acelerou processos em simultâneo para uma experiência mais fluida.
O suporte a extensões modernas de PHP foi alargado para incluir:
- Xdebug,
- SOAP,
- OPcache,
- ImageMagick,
- Intl,
- Exif
- e formatos WebP/AVIF.
A rede por omissão e o novo sistema dinâmico de extensões permitem ao Playground simular ambientes de alojamento de forma mais realista.
A nova simulação de MySQL em SQLite tornou-se uma das mais completas disponíveis, compatível com phpMyAdmin e Adminer, ambos acessíveis diretamente a partir do Playground.
A plataforma evoluiu ainda como developer toolkit, adicionando:
- um editor de ficheiros,
- um editor de Blueprints,
- bases de dados geridas com um clique,
- testes rápidos de PHP
- e pré-visualizações de branches do Gutenberg.
A CLI amadureceu com funcionalidades como montagem automática de plugins/temas, debugging com Xdebug, suporte multi-worker e integração em aplicações Node.js via runCLI.
Os Blueprints receberam um impulso massivo: um editor visual, pacotes com media, um explorador de Blueprints prontos a usar, suporte a .git e uma especificação mais clara da versão 2, adequada a IA.
Em conjunto com melhorias como:
- melhores ecrãs de erro,
- migração de URLs mais fiável
- e o novo botão Ask AI.
O Playground fechou o ano com 1,4 milhões de utilizações em 227 países, consolidando-se como uma ferramenta-chave para ensinar, testar e desenvolver WordPress sem instalações locais.
Documentação propõe revisão de fluxo de trabalho
A equipa de Documentação propõe uma revisão completa do fluxo de trabalho atual, identificando-o como uma das principais razões pelas quais a documentação para utilizadores chega frequentemente atrasada no dia do lançamento.
O sistema existente usa um quadro no GitHub com 13 colunas de estado e espera múltiplas rondas de revisão.
Na prática, isto gera bloqueios:
a) rascunhos começam em Google Docs, b) aguardam dias ou semanas por uma primeira revisão, c) depois esperam novamente por uma segunda d) e muitas vezes são publicados depois de a versão do WordPress já ter sido lançada.
O resultado é um backlog crescente, artigos publicados fora de ordem e documentação desatualizada precisamente quando os utilizadores mais precisam dela.
O workflow proposto, testado durante o WordPress 6.9, funcionou muito melhor: a documentação foi escrita diretamente em WordPress, agendada para o dia de lançamento e não exigiu revisões antes da publicação.
As revisões aconteceram depois, corrigindo o necessário sem atrasar a disponibilização dos conteúdos. As issues no GitHub foram mantidas, mas deixaram de bloquear o processo.
As recomendações são claras:
- remover a maioria das fases de revisão,
- criar uma pequena equipa dedicada por lançamento,
- tornar a revisão prévia opcional,
- agendar artigos completos para o dia de release,
- rever depois
- e simplificar o quadro de GitHub removendo colunas desnecessárias.
Esta mudança transforma a documentação de um sistema lento, cheio de bloqueios e backlog permanente num processo mais rápido, com lançamentos em dia e melhoria contínua.
Por fim, este podcast é distribuído sob uma licença Creative Commons como uma versão derivada do podcast em espanhol; podes encontrar todos os links para mais informação e o podcast noutras línguas em WPpodcast .org.
Obrigada por ouvires e até ao próximo episódio.
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